Uma mancha escura no mar reapareceu entre as praias do Bessa, em João Pessoa, e Intermares, em Cabedelo. O fenômeno foi observado na manhã desta quinta-feira (5) e marca o terceiro episódio semelhante registrado desde março deste ano, segundo a Superintendência de Administração do Meio Ambiente da Paraíba (Sudema).
A mancha se concentra em um maceió situado entre as duas praias, em uma área de manguezal, onde a água acumulada apresenta cor escura e forte odor. De acordo com a Sudema, a condição é causada pela decomposição de matéria orgânica, somada ao despejo de esgoto doméstico diretamente nas águas do Rio Jaguaribe por comunidades ribeirinhas. “O trecho também recebe contribuição de esgotos de comunidades ribeirinhas. Esse é um problema socioambiental que está em discussão entre o Ministério Público Federal, o Governo do Estado e as prefeituras de João Pessoa e Cabedelo”, afirmou o órgão em nota oficial.
O estuário é parte do trecho conhecido como “Jaguaribe Morto”, área degradada pela poluição, especialmente por redes de esgoto, conforme destacou o urbanista Marco Suassuna. Ele afirma que o local é alimentado por águas da chuva e da drenagem urbana, mas também acumula resíduos não tratados, agravados pela ocupação urbana desordenada.
A bióloga Cristina Crispim reforça que o esgoto é o principal fator da degradação do rio, comprometendo a qualidade da água desde as nascentes até a foz. Já o pesquisador e biólogo Tarcísio Cordeiro aponta que a poluição afeta não apenas um ponto, mas todo o sistema hídrico. “A poluição está entrando em todos os trechos do rio, em todos os afluentes”, disse.
Segundo Tarcísio, o desmatamento em áreas de nascente reduz a capacidade de diluição da poluição. “Se as nascentes secam, há menos água no rio para diluir a poluição. O resultado é que todos os serviços ambientais dos rios vão sendo eliminados, ficando só um: esgoto”.
Como medida preventiva, a Sudema recomenda que os banhistas evitem o banho de mar em um raio de 100 metros do ponto de deságue da mancha.
